Igreja de São Vicente
Localização: Guarda, Rua Francisco dos Passos.
Tutela: Fábrica da Igreja Paroquial da Freguesia de São Vicente.
Classificação: IIP - Imóvel de Interesse Público, pelo Decreto n.º 28/82, DR, I série, nº 47, de 26-02-1982.
O edifício é uma reconstrução do final do século XVIII, sob o mecenato do prelado episcopal, D. Jerónimo Carvalhal e Silva (1720-1797).
Esta obra foi riscada e dirigida pelo artista António Fernandes Rodrigues sobre o qual pouco se sabe. Apenas que era mulato, de nacionalidade portuguesa, e que fora enviado para Itália como pensionista do Estado.
O traçado da Igreja de São Vicente é simples, como, aliás, se pedia no tempo.
No interior da igreja, à tonalidade aurifulgente da talha, atribuída a José da Fonseca Ribeiro, contrapõe-se a sobriedade cromática da série de painéis de azulejos figurados setecentistas, onde se expõem cenas da Paixão de Cristo, na capela-mor, e cenas da vida de Nossa Senhora no corpo da igreja.
Estes painéis azulejares são atribuídos a Salvador de Sousa Carvalho (ca. 1727-1810), artista nascido em Lisboa, uma figura marcante na produção azulejar coimbrã da segunda metade de setecentos.
Os painéis, na sua dimensão maior, ao centro, atingem os 26 azulejos de altura e são envolvidos por uma densa e exuberante decoração, animados por concheados volumosos e sinuosos rococós, com pintura em tons de azul mais carregado na cercadura e mais ténue ao centro, avivados, no enquadramento, com marmoreados amarelos e manganês, aparecendo, na parte superior a compor todo o conjunto, “coroamento de flores e folhagens verdes de cobre” . Na parte inferior, uma cartela, tipicamente rococó, centra toda a composição.
Capela-mor
Os painéis desenrolam-se segundo uma sequência lógica.
- Flagelação
- Símbolos da Paixão - no lado do Evangelho e da Epístola
- Coroação de espinhos
- Pilatos e Cristo - Ecce Homo
- Queda de Jesus no caminho do Calvário
- Porta em Tromp l’oeil
Corpo da igreja
No corpo da igreja, os painéis são idênticos aos da capela-mor, atingindo em altura 26 azulejos com o mesmo tamanho.
Repetem, nos enquadramentos que envolvem as partes decorativas, os mesmos elementos concheados de contorno irregular. A parte figurativa é de temática mariana e podemos observar:
- Nossa Senhora apresentada no Templo
- Casamento de Nossa Senhora
- Anunciação
- Torre de Marfim
- Visitação de Nossa Senhora a Santa Isabel
- Nascimento de Jesus
- Porta do Céu
- Adoração dos Magos
- No Batistério: O batismo de Jesus, São Francisco e São Jerónimo
- Fuga para o Egipto
Para mais informações sobre esta Igreja e o seu património azulejar, adquira o livro: PAR – Património Azulejar Religioso na Diocese da Guarda, de Joana Pereira (textos) / Vítor Roque (fotografias) – edição Diocese da Guarda e Instituto Politécnico da Guarda. (À venda na Cúria diocesana, Seminário da Guarda, Sé Catedral e Instituto Politécnico da Guarda).